sábado, 25 de junho de 2011

Recomendo - Música: Chico Buarque


"Perdida na avenida canta seu enredo fora do carnaval. Perdeu a saia, perdeu o emprego.Desfila natural!
Esquinas, mil buzinas, imagina orquestras, samba no chafariz. 
A dor não presta. 
Felicidade, sim (...) 
Bambeia. Cambaleia. É dura na queda.
Custa a cair em si. 
Largou família, bebeu veneno e vai morrer de rir. 
Vagueia. 
Devaneia. 
Já apanhou à beça, mas para quem sabe olhar a flor também é ferida aberta e não se vê chorar. 
O sol ensolarará a estrada dela..."

(Dura na queda)


*
Foto tirada na Praia de Pium/RN

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Um saudosismo de sentimentos



Os contemporâneos que me desculpem, mas, nos tempos de hoje, o mais difícil é regredir, e não o amadurecimento. Regredir é bem mais complicado. Pode-se dizer que, para alguns, é impossível. E, para os que conseguem essa façanha, é uma prática tão poucas vezes repetida.
Quando faço esta afirmativa, pretendo mostrar como o nosso amadurecimento perante os novos tempos nos fizeram mais vazios, mais apáticos...

Pouco se resta das sensações e sentimentos que eram constantes na infância. 
Muita coisa ficou pelo caminho dos 20 anos, 30, 50..

Perdeu-se a esperança de que as coisas sempre iam melhorar, se você ficasse quietinho no quarto e cumprisse o castigo;
A INOCÊNCIA...
A CRIATIVIDADE, mesmo que fosse para sair desenhando as paredes da casa toda e deixar sua mãe zangada; 
O ato de se IMPRESSIONAR com coisas pequenas; e a paciência de aprender as coisas de gente grande; 
A IMAGINAÇÃO... porque se você amarasse um lençol em seu pescoço, você podia ser um super-herói.
O SORRISO FÁCIL, soltado por desenhos que, hoje, aos nossos olhos, parecem tão bobos.
A ESPERA, exercitada para tomar o refrigerante (ou o suco) só depois de almoçar;
ou querer esperar até a meia-noite pelo velho Noel, e acabar adormecendo no sofá;
ou esperar o sorvete, que dizia que só te davam depois da refeição...
As DESCOBERTAS, que se fazia mexendo nas coisas dos pais, ou dos irmãos mais velhos. Ou quando se ia desbravar locais desconhecidos, casas mal assombradas com os amigos...
A COMEMORAÇÃO por conquistas fáceis e o ORGULHO gerado por elas: ganhar uma estrela da professora, zerar uma fase no videogame, ganhar no bafo, ganhar no jogo da escola, ganhar um excelente nos rabiscos que você fazia...
A CONFIANÇA nas pessoas... quebrada por tantas vezes nos sermões que escutávamos "não confie em estranhos"; Ou mesmo a confiança em si mesmo, a ponto de negar ajuda de pai, mãe, professora, e soltar um "eu sabo fazer". E, era mesmo, você confiava e fazia...
O RESPEITO. O respeito pelos mais velhos, pelas vozes grossas, pela professora.
O fato da REPETITIVIDADE não te deixar estressado, a repetitividade te fazia querer assistir a mesma VHS, do seu desenho ou filme predileto, umas 5 vezes, ou a mesma fita no radinho. Por dia!
A FALTA DE AMBIÇÃO... que te fazia querer saber em quantas balas, dindin, picolés, cabia 50 centavos.
A INTERAÇÃO com os coleguinhas. Uma interação que ia muito além dos jogos eletrônicos e bate papos nas redes sociais.
A CURIOSIDADE...  o não-contentamento em questionar, em lançar os "porquês"; os mesmos "porquês" que hoje você não faz, e que te faz ser tão conformado.
A SAUDADE, que te fazia carregar aquele boneco especial para tudo que era canto. A saudade dos avós, dos pais, da piscina da casa da sua tia, das férias na casa do primo, do Rex... 
A saudade de sensações e momentos que, de longe, você imaginava que sentiria. 

(M.)











Uma paixão "futebolesca" assumida!

Recomendo - Literatura (2) Manuel Bandeira



"Se fosse dor tudo na vida,
Seria a morte o sumo bem.
Libertadora, apetecida,
A alma dir-lhe-ia, ansiosa: - Vem!

Quer para a bem-aventurança
Leves de um mundo espiritual
A minha essência, onde a esperança
Pôs o seu hálito vital;

Quer no mistério que te esconde,
Tu sejas, tão somente, o fim:
- Olvido, impertubável, onde
"Não restará nada de mim!"

Mas horas há que marcam fundo...
Feitas, em cada um de nós,
De eternidades de segundo,
Cuja saudade extingue a voz.

Ao nosso ouvido, embaladora,
A ama de todos os mortais,
A esperança prometedora,
Segreda coisas irreais.

E a vida vai tecendo laços
Quase impossíveis de romper:
Tudo o que amamos são pedaços
Vivos do nosso próprio ser.

A vida assim nos afeiçoa,
Prende. Antes fosse toda fel!
Que ao se mostrar às vezes boa,
Ela requinta em ser cruel..."
(Manuel Bandeira - "A vida nos afeiçoa")

*

Esse poema tem muito a ver com um momento particular recente.
Além, do mais, recomendo por ser o escrito de um dos meus poetas preferidos, Manuel Carneiro de Souza Bandeira.


Recomendo - Literatura


"E quem pode comigo quando eu digo tudo o que sinto?"
(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Inusitadamente...



A foto do caos desencadeado após o fim do jogo entre Boston Bruins e Vancouver Canucks, provavelmente de conhecimento mundial, me fez refletir...
Confesso que a foto chamou-me a atenção não tanto pelo apelo romântico, mas pelo contraste presentes em um cenário: o amor e o "caos" - assim, digamos. 
É a prova concreta que o amor, seja em que forma ele seja expresso, é algo inusitado e inesperado. Não é algo programado, acelerado, ou evitado. 
Acontece. 
De repente. 
Instantâneo. 
Se instala sem pedir licença ao seu morador ou ao seu local de moradia. Se expressa sem pedir respeito a tudo e a todos o que se passa ao seu redor. É um "mal-educado" esse tal de amor.
E como pode surgir do caos? E como pode nos caos gerar-se amor?
Não, não. Segundo a filosofia que explica a origem do Mundo, o Caos não gerou amor. Gerou a Noite e o Érebo. O Eros, o amor são coisas que vieram muito depois...
E mesmo vindo depois, e mesmo sendo tão avessos, como podem coexistirem?
Eis a prova...





sábado, 11 de junho de 2011

Recomendo - Literatura (Clarice Lispector)





"De manhã cedo era sempre a mesma coisa renovada: acordar.
Então, ela sorria. 
Como se sorrir 
fosse em si 
um objetivo."
(trecho de Clarice Lispector)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Eu

Eu sou aquela que pouco releva sobre o que pensa,
Aquela que tem medo de não sei o quê.
Eu sou aquela que sempre compensa,
Tudo aquilo que não pode fazer.
Eu sou aquela que erra tentando acertar
Sou aquela que vive mais de crítica, do que parabenização.
Aquela que ri, mesmo se quer chorar,
A que anda aos tropeços, por desatenção.
Eu sou aquela que na raiva, desconta.
Que omiti, por temer.
Que em briga, acusa e aponta.
Aquela,
Que no poema de “Florbela”,
Chora sem saber porquê.
Eu sou aquela que mudou constantemente.
Sou o avesso do ontem.
O passado do futuramente.
e o espelho do  anteontem.
Eu sou aquela de sorriso fácil.
Aquela que quando acredita, persiste.
Eu sou aquela de alma e corpo, frágil.
E, também aquela que só escreve,
se tá triste.

(M.)

domingo, 5 de junho de 2011

Estou em obras



Observação:  Caros, leitores. Não abandonei o blog. Estou tendo dificuldades para postar devido as milhares atividades acadêmicas que tem aparecido. 
Retornarei em breve!
Abraços.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Ei, você!



Ei, você.
Ei, é de você que ela gosta.
Não é dos assobios que ela recebe quando anda na rua, dos convites que recebe para sair, ou dos elogios descarados que fazem para ela.
Ei, é de você que ela gosta.
Não é de quem ela troca olhares num bar, número de telefones ou endereços de redes sociais.
Com você, ela troca carinho, 
troca confissão, 
troca intimidade.
Ei, é de você que ela gosta.
Não é daquele pra quem ela finge ser o que não é, 
para o qual ela diz sentir o que não sente, 
para o qual ela esconde o que pensa e não fala o que gostaria de falar.
Ei, é de você que ela gosta.
Não são daqueles que a ligam, e  fazem ela deixar o celular tocando, até cair na caixa postal.  
Ei, é de você que ela gosta.
Não é daquele que chegou alvoroçado, esbaforido, que ela podia, 
facilmente, 
ter.
Ei, é de você que ela gosta.
Não são daqueles para quem ela conversa futilidades e assuntos relevantes. 
Com você, ela conversa sobre suas afinidades, gostos comuns e incomuns, 
sonhos, projetos...
Ei, é de você que ela gosta.
Não são daqueles que um tanto a elogiam. Você a elogia, mas elogia com os olhos.
E, de uma forma fantástica, ela entende.
Aliás, ela entende um bocado de outras coisas que você diz, apenas, com os olhos...


Ei, é de você,
você mesmo,
que ela gosta.
E você ainda nem parou para perceber...
(M.J)



Fleur.

"E porque você é uma menina com uma flor.
E tem um andar de pajem medieval; 
E porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta,e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando.
E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata. 



Porque você é uma menina com uma flor..."

(Trecho de 'Para uma Menina com uma flor' - Vinícius de Moraes)


*Foto tirada na praia de Ponta Negra/RN. A Flor é artesanal - feita de palha de coqueiro. A obra é de um hippie pernambucano que encontrei enquanto caminhava pela praia.


* Nota:  Adoro esse trecho do livro de Vinícius.

terça-feira, 22 de março de 2011

Nota da autora:  Não atribuam tudo o que vocês lêem aqui, ao sentimento de quem escreve. Às vezes, são só palavras.




...
É claro que, na maioria das vezes, não o são.
;)

domingo, 20 de março de 2011

Ah, a Lua...



Ao longe, ao luar,
No rio uma vela,
Serena a passar,
Que é que me revela ?
Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.

Que angústia me enlaça ?
Que amor não se explica ?
É a vela que passa
Na noite que fica.

*

Poema: autoria de Fernando Pessoa (título: Ao longe, ao luar)
Foto: um registro do evento "Supermoon: a maior Lua cheia desde 1992", assistido no dia 19 de Março de 2011, na Praia de Ponta Negra / RN.



sábado, 19 de março de 2011

No Limite da Razão?



"No Limite da razão" é uma frase que, como vocês já perceberam claramente, dá nome ao blog. 
Não sei porque não tratei de escrever isso antes. Provavelmente, porque devido a vida curta dos blogs - que tomam vida a partir do "inesgotar" de ideias - eu estava catando um assunto a tratar nesse pequeno espaço virtual. 
Sim, a razão tem limites. 
A razão é um "setor" recorrido constantemente quando se trata da vida. É prudente você se valer da razão em algum momento; é prudente você racionalizar cada movimento que você dá, cada ação ou palavra dita. Ahhh, sobretudo,  as ações... O único risco que você corre é racionalizar demais e esquecer de "se mover". Mas que bobagem, se é prudente racionalizar. 
Para os que sofrem de impulsos, como quem vos fala, a racionalização de ações, sentimentos e palavras é um exercício um tanto complicado. Não impossível! Complicado. "Apreendido" , na marra, depois dos vários excessos que você consegue cometer ao agir por impulsos. Agir antes. Pensar? Depois. E as consequências quando não são indesejáveis, chega a surpreender.
Mas o prudente é ser cauteloso. É pensar, duas vezes, antes de agir, falar, proferir, sentir...
 Porém, eu digo (e animem-se os impulsivos): chega um tempo que racionalizar já não basta para as ações que devam ser tomadas ou para as palavras que devam ser exprimidas. E, então, temos um limite. Não porque você abandonou todo o seu racionalismo prudente e resolveu viver a vida às cegas; se doando, sem cautela; à pura impulsividade. É pelo simples fato de que você já racionalizou um tanto sobre tudo o que cabia à razão.
E agora?
A quem recorrer?
Racionalizar é prudente, meu bem, mas às vezes esgota, 
enche, 
exaure, 
cansa.

Um apelo: doem-se mais.

(M.J)




quarta-feira, 9 de março de 2011

Sessão poética



Que eu me perca
um pouquinho.
Foi me perdendo, no caminho,
que eu cheguei onde cheguei.
Aos sermões e burburinhos,
me esquivando dos espinhos,
eu fui me reerguendo das quedas que já levei.
De tropeços a solavancos,
aos trancos
e barrancos.
De um jeito, me virei.
Se foi preciso mudar os planos,
reinventar novos cantos,
ou inovar, com espaços que inventei.
Apesar de arrependimentos,
ou pequenos descontentamentos,
fica aqui, a certeza,
de que tentei.


(M.J.)


*


Perdoem-me pelo poema simples e mal elaborado.
Foi escrito às pressas. :)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Recomendo - Informação!


Documentário exibido na TV Futura : Um pé de que? - Cannabis.
Data:  19/11/2008

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O que?

Quando me faltam as palavras, 
sobram-me as ações.
E quando me faltam as ações...




O que me resta?
(M.)

*

Nota: Toda criação minha será assinada com "M.". Esse negócio de assinar "minha autoria", "autoria própria" ou "por mim" soa um tanto como algo bem autoafirmativo. No mais, é isso.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ela olhou

A primeira vez que ela olhou viu:
ingenuidade,
imaturidade,
e diversão.
Quando retornou o olhar,
o que viu foi serenidade,
boas conversas,
ótima companhia.
Atração.
A terceira vez, que lhe apareceu,
era desejo,
compreensão,
sintonia,
reciprocidade,
confissão,
desejo,
ansiedade para a próxima vez.
Na última vez que ela olhou:
o desejo tornou-se algo repreendido,
a serenidade virou incerteza,
e a atração, erro.
...
E, foi então que ela decidiu não mais olhar.

( De autoria própria)


Aprecio - poesia


A natureza são duas.
Uma,
tal qual se sabe a si mesma.
Outra, a que vemos. 
Mas vemos?
Ou é a ilusão das coisas?

Poema: trecho de "A Folha" 
Autoria: Carlos Drummond de Andrade

*

Drummond nos demonstra a dúvida em sua plenitude. 
E é assim que eu me sinto. 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mubarak: game over!

Dia 11 de Fevereiro de 2011: um dia histórico. Confesso ser a primeira vez que “presencio” algo do tipo em 22 anos de existência. É claro, que de 1988 para cá tem acontecido inúmeros fatos que certamente merecem a caracterização de “histórico”. Porém, é o primeiro fato que acompanhei tecendo impressões e opiniões a partir de minhas perspectivas como historiadora.
 Nas últimas semanas, o Mundo acompanhou uma “revolução” desembocada no Cairo (Egito) em prol da deposição do presidente Hosni Mubarak, desde 1981 no poder, e contra toda a situação atual no qual o país encontrava-se – taxas altíssimas de desemprego, situação de miséria extrema, meios de comunicação censurados e, de fato, uma postura ditatorial no governo egípcio. A revolução assistida no Egito, não foi um caso isolado. O mundo árabe “mergulhou” em manifestações do tipo, entre eles a Tunísia – que, bem antes, os manifestantes conseguiram depor o presidente, Ben Ali.  As tensões revolucionárias cada vez mais ganham simpatizantes, e até mártires!
Seja uma Revolução de caráter democrático, seja de caráter fundamentalista islâmico – o que muitos, ingenuamente, acreditam - o fato é que manifestações da população civil foram capazes, em ambos os países, de depor presidentes, e, conseqüentemente, estabelecerem uma Nova ordem política-social nos territórios do Mundo árabe. E tudo isso me soa tão como uma “teoria Thompsoniana”. Para E. P. Thompson, ao questionar conceitos ausentes em abordagens marxistas, o autor percebe como a forma como o individuo é capaz de ocupar um papel social. Logo, o papel social do indíviduo é nada menos constituído por meio da legitimidade da aspiração popular a determinados interesses. Em suma, a população civil não permanece passiva, não há uma apatia política. A população civil possui interesses, e tem consciência disso, e defesa de seus interesses civis consiste no catalisador que desencadeiam nas manifestações populares. Sim, de fato puro Thompson!
O que vimos no dia 11 de fevereiro, depois de 18 dias de manifestações, foi a História sendo escrita na História.
Ben Ali caiu. Mubarak caiu. As ondas de revolução no Mundo árabe continuam... quem será o próximo a cair?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Réplica

"Quem vem com tudo,
não cansa."
(Barão Vermelho -Bete Balanço)


Réplica à Cazuza:
Cansa!
E como cansa, meu bem...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Fi-ni-to

Fi
ni
to.
Penso que nada, nem ninguém, dure para sempre.
Tudo chega ao fim.
Tudo tende ao fim.
Tudo se faz finito.
Proponho, então, um brinde às finitudes.
Às despedidas, aos rompimentos, a todos tipos de términos, ao findo, aos momentos que duram curtos espaços de tempo - e, ainda, não deixam de ser único.
Um brinde aos fins.
Um brinde ao não-eterno.
O que é eterno?
...
Pensando melhor, há algo que é eterno: as idéias.
E, mesmo assim, estas correm um grande risco de serem distorcidas,
ou,
pior,
esquecidas.

(Minha autoria)

Sessão - Diálogo

Ele disse:
- Gosto da sua companhia.
Ela respondeu:
- Gosto de você...
E então, com tanta sintonia,
como podiam ser diferentes?

Vento leva.
Leve, vento.
(cata) vento,
vento leve.
Por um instante,
um momento,
onde quer que me carregue.
Leva-me vento,
aonde quer que for.
Que nada mais me resta,
que tudo se acabou.
Que a vida passou.
A vida? 
Passou.

(M.)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sessão - Diálogo




Então, ela fez a pergunta da qual ele já se cansara de ouvir:
- Mas, por que não?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Esses versos

Versos feitos pra te endoidecer.
A intenção, tu não precisas saber.
São frutos de um pensamento ermo
gerados por idéias de meio-termo,
que brotam despercebidas
de vontades subtraídas.


São estrofes que falam por si.
Ora, às vezes, interpretadas por ti.


Mas, meu bem,
não endoideça,
se a opção é "não ouvir",
não enlouqueça.
Por outro lado,
deixe um pouco "a cabeça",
e se permita sentir.
O emocional,
envaideça,
e passe, então, a refletir:
que, um dia, esses versos feitos pra te endoidecer
poderão não existir...


(M.)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Reflexão - "Estupro corretivo"


      Hoje, pela noite, "navegando" na internet, me deparei com uma notícia oriunda da África do Sul: a prática do estupro corretivo. Resumidamente, a prática consiste em tomar uma homossexual e praticar o estupro como forma de "curar" a sua opção sexual. A notícia divulgada em 25 de Janeiro de 2011 não é uma novidade para quem conhece a "cultura" do local.  O curioso é saber que as autoridades locais não caracterizam tais práticas como um ato criminoso. O Homossexualismo sim é tido como crime, na África do Sul...  À impressão de nós, brasileiros e demais localidades que se manifestaram contra, o ato é repugnante e injustificado. A nossa sociedade, embora recheada de preconceitos similares, não "engoliu" o ocorrido.  Isso me recorda a um outro fato que envolve violência contra as mulheres: o caso da Sakineh Mohammadie Ashtiani. Sakineh, uma iraniana, foi condenada à morte por apedrejamento em julho do ano passado, por ter traído o marido. 
       As duas notícias tem algo em comum: o posicionamento contra de grande parte dos países.     Particularmente, os dois fatos pareceram-me um erro gritante  e inadimissível.
Entretanto, ao condenarmos tais acontecimento esquecemos de refletir sobre uma coisa: a "cultura", "os costumes", "os hábitos" da sociedade em questão. Se apedrejar mulheres por adultérios e estuprarem mulheres para "curá-las" de algo compreende em práticas culturais, até que ponto podemos dizer que tal procedência é a correta ou é a errada? Os Direitos Humanos, tidos como universais, são capazes de sobrepor tais fatos, ou acabará como o episódio da iraniana Sakineh?
    Questões complicadas essas. 



domingo, 23 de janeiro de 2011

(Recomendo) Leitura: Bangüê, José Lins do Rego

Bangüê, em sua 22ª edição.


“- Aquela vida de Bangüê era miserável, mas temiam a Usina”¹


Escrito no ano de 1934, pelo autor paraibano José Lins do Rego, o título “Banguê” diz respeito a propriedades agrícolas dotadas de canaviais e engenhos de açúcar primitivo, anterior à Usina².  Resumindo, de forma medíocre, o banguê compreende uma propriedade que abraça tudo o que concerne em um Engenho, além de ser dotado de outros tipos de atividades econômicas (algodão, pecuária).
José Lins do Rego: o autor
Confesso que nunca li alguma outra obra do autor e  conheço muito pouco sobre seus escritos. Entretanto, durante – surpreendentemente – uma semana lendo Bangüê, o livro impressionou - me devido à originalidade do romance brasileiro adotado por “Zé Lins”. O autor mistura saudosismo (que mais parecem ser as memórias do autor, expressas através do personagem principal do romance, Carlos de Melo) com uma narrativa, que elenca os aspectos da sociedade nordestina no começo do século XX. O livro apresenta uma linguagem fácil, o que torna a leitura da obra agradabilíssima.
Em Bangüê, Carlos, formado em Direito, retorna ao Engenho de seu avô (o Santa Rosa) na tentativa de incorporar os negócios da família; "fazer parte dos seus"; em suma, tornar-se um senhor de engenho como seu avô, o coronel Zé Paulino. No decorrer da leitura, surgem temas como patriarcalismo – na figura dos grandes senhores do engenho; o caráter de bravura dos senhores de engenho; a importância da terra; o abolicionismo; e, sobretudo, a expansão das Usinas, na região paraibana, em detrimento à queda dos Bangüês. O livro é divido em três partes, e um dos aspectos que podem ser percebidos trata-se de uma diferença presente  no ritmo da narrativa. Tenho pra mim que a segunda e a terceira parte fluem em um ritmo bem mais acelerado do que a primeira. Talvez, isso se explique pelo fato de que a primeira parte trate mais das memórias de Carlos, sobre as antigas estadias no Engenho do Santa Rosa, e limite-se mais em descrições das personagens do Romance. Enquanto que nas seguintes partes evidenciam-se melhor a decadência do Engenho.  Curiosamente, a pitada “romântica” da obra só aparece na segunda parte (com o envolvimento da personagem com Maria Alice).
O mais impressionante ainda é presença do finito e da surpresa: primeiro, a idéia de que tudo acaba, e, sem segundo, a realidade de fins repentinos. A forma como finda o relacionamento das personagens mencionadas alerta novamente para o ato de "fracassar", presente constantemente nos escritos de Zé Lins. “Fracasso”: esse é a grande sacada da obra. José Lins do Rego chama atenção constantemente para evidências de fracassos e decepções – tanto amorosa, como profissional. Carlos, um bacharel em Direito, passa a estória tentando tornar-se um senhor de Engenho, assim como o seu avô. O despreparo de um bacharel para “cuidar” de terras alude ao conflito existente entre duas figuras: uma do mundo intelectual (“doutor”) e outra do mundo dos Engenhos (Senhor de Engenho). Essas figuras são, respectivamente, Carlos e Zé Paulino. Ao mesmo passo que Carlos reconhece a decadência da sociedade tradicional, a personagem tenta tornar-se senhor de Engenho do Santa Rosa. E sua frustração provém de seu fracasso.
O “clímax” da obra é a realidade da região Nordestina no início do século XX: a expansão das Usinas que tomam as terras dos Bangüês em busca de terrenos para o plantio de cana-de-açúcar e de mão de obra – uma vez que absorve todos os trabalhadores dos Engenhos e oferece-os melhores pagamentos pelo trabalho. É o surgimento de uma nova ordem econômica na região que acaba por descontruir a dinâmica da sociedade tradicionalista em vigor. Não se trata apenas da derrocada dos Bangüês, mas de todo aqueles prestígios de tempos antigos e também do fim de ”sua gente”, que, por sua vez, ora acabam servindo a Usina São Félix, ora migram para outros banguês resistentes.

Usina "Maravilhas", localização: Goiana /PE


Em suma, “Bangüê” é capaz de gerar turbilhões de emoções enquanto lido: curiosidade em saber quais serão os próximos passos das personagens, tristeza com suas decepções, angústias pelas suas frustrações, e, muita, muita apreensão com todo o drama que norteia o romance. 
A obra de José Lins do Rego, na minha humilde opinião, está mais do que recomendada a ser lida! Não deixem de apreciar!!!
Notas:
¹ Trecho retirado de REGO, José Lins. Bangüê. José. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 2007. 22ª ed. p. 253.
² Definição retirada de FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda.  Miniaurélio século XXI: o minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. p.87.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"Pra falar mais um pouco de mim"*

 Embora a intenção deste blog não seja falar de mim - mas sim falar de algumas coisas que penso, recomendo ou aprecio. Seria uma grosseria, eu não falar dos meus gostos em meu próprio blog. 

*

Gosto de praia, mas com pouco Sol. No lazer, sair com amigos é uma boa pedida. Apesar de ser uma pessoa de fácil convivência também gosto dos "MEUS" momentos; do "ficar só", do "ficar comigo mesmo", do "abusar um pouco mais de mim"
Prefiro salgados, aos doces. Prefiro a noite, ao dia. 
Gosto das pessoas, mas detesto locais tumultuados.
Gosto de rir com motivo, e ri mais ainda sem motivos. Sorrio para o engraçado, e, também quando estou nervosa.
Procuro ser sincera em tudo o que eu faço - e às vezes pago muito caro por isso. Sou chata para escolher roupa, e demoro a me arrumar. Gosto do desajeitado, do discreto - apesar de que eu seja pura energia.
Musicalmente falando, aprecio mpb, o blues, o chorinho, os sambinhas, alguns bregas, o bom e velho rock'n roll, e as coisas mais "from hell" como hard rock e algumas variações do Metal.Tolero outros estilos e tolero muitas outras coisas também! 
Sou assumidamente "cinéfila", mas uma 'cagona' para assistir filmes de terror. Admiro o cinema nacional. Gosto de filmes de animação - quando engraçados e bem produzido. Gosto de assistir o filme, e ter com quem discutir depois.
Gosto de discutir filmes e futebol! Quanto aos assuntos futebolísticos, sou uma carioca que mora em Natal e que torce para um time paulista (São Paulo), mas, admito, de tremenda queda pelo Fluminense. Quanto ao meu time potiguar... bem, isso é uma longa história. A decisão ainda está em processo. 
Sou intensa, 
me expresso facilmente,
porém não sei "me fazer entender";
sou prática,
e, mutuamente, (muito) complicada. 
Logo, gosto do complicado e do complexo.
Não tenho religião.
Não acredito no destino, acredito no acaso.
Não tenho preconceitos. 
Por falar em "não", também não tenho emprego. 
Divido-me entre dois amores, profissionais: a História e a Segurança do Trabalho.
Perdôo, mas não esqueço. Me apego fácil, na mesma intensidade com a qual me desapego. Perco o interesse facilmente. Falo, sem pensar. 
Prefiro o "sonhar acordada". Fico triste, mas não demonstro. Sou curiosa, chorona, impulsiva, me arrisco constantemente, me "dou" pra vida. 
Sou poetisa "amadora"; desenhista de araque; psicanalista barata dos amigos.
Toco violão, mas não tenho o dom para música.
Sou a favor da legalização da maconha, do casamento Gay, do "se juntar", e de toda forma de amor existente. 
Gosto bastante de ler - o que me obrigam, o que me recomendam e o que eu quero. 
E gosto ainda: de tapioca, de tagarelar, de pensar na vida enquanto olho a paisagem no ônibus em movimento, de cheiro de terra molhada, do barulho do Mar, de suco de maracujá, de dormir enquanto chove, de banho de rio, de cachorros, de açaí, de brigadeiro, de bijuteria, de sandálias e sapatos, de vestidos, de tomar banho de chuva, de Vodka, de pizza, de água de coco, de dizer "nada não", de ler gibis da Mônica, de fazer drama, de fazer bico, de fazer bem feito, de soltar gargalhadas de doer a barriga... 
e, sobretudo, de viver.

*O título da postagem faz alusão à música de Odair José, "Eu, você e a praça"; 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Entrega

Entregar-se
sem notar
às coisas que estremecem corpo e alma.
Sensação que ora atordoa
ora acalenta,
acalma.
(Doar-se, sem querer)
Não correr risco: a pretensão
ausente de medo,
não demonstrar desejo,
em vão...
pretender,
ou não?!
- Me Entregar?
- Sim. Entrega-te ao sem sentido, ao acaso, ao desconhecido.
- Não...
Talvez, melhor que seja,
num lugar em que esteja
um alguém arrependido.
(M.)

Aprecio - música



"Quando ela mente
Não sei se ela deveras sente
O que mente para mim
Serei eu meramente
Mais um personagem efêmero
Da sua trama
Quando vestida de preto
Dá-me um beijo seco
Prevejo meu fim
E a cada vez que o perdão
Me clama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é demais
Talvez nem me queira bem
Porém faz um bem que ninguém
Me faz.."
Música: Ela faz cinema 
Composição: Chico Buarque de Hollanda
*
Aprecio, e muito! Pura poesia de letras intensas.
Sobretudo, aprecio excessivamente este trecho.