quarta-feira, 23 de março de 2011

Ei, você!



Ei, você.
Ei, é de você que ela gosta.
Não é dos assobios que ela recebe quando anda na rua, dos convites que recebe para sair, ou dos elogios descarados que fazem para ela.
Ei, é de você que ela gosta.
Não é de quem ela troca olhares num bar, número de telefones ou endereços de redes sociais.
Com você, ela troca carinho, 
troca confissão, 
troca intimidade.
Ei, é de você que ela gosta.
Não é daquele pra quem ela finge ser o que não é, 
para o qual ela diz sentir o que não sente, 
para o qual ela esconde o que pensa e não fala o que gostaria de falar.
Ei, é de você que ela gosta.
Não são daqueles que a ligam, e  fazem ela deixar o celular tocando, até cair na caixa postal.  
Ei, é de você que ela gosta.
Não é daquele que chegou alvoroçado, esbaforido, que ela podia, 
facilmente, 
ter.
Ei, é de você que ela gosta.
Não são daqueles para quem ela conversa futilidades e assuntos relevantes. 
Com você, ela conversa sobre suas afinidades, gostos comuns e incomuns, 
sonhos, projetos...
Ei, é de você que ela gosta.
Não são daqueles que um tanto a elogiam. Você a elogia, mas elogia com os olhos.
E, de uma forma fantástica, ela entende.
Aliás, ela entende um bocado de outras coisas que você diz, apenas, com os olhos...


Ei, é de você,
você mesmo,
que ela gosta.
E você ainda nem parou para perceber...
(M.J)



Fleur.

"E porque você é uma menina com uma flor.
E tem um andar de pajem medieval; 
E porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta,e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando.
E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata. 



Porque você é uma menina com uma flor..."

(Trecho de 'Para uma Menina com uma flor' - Vinícius de Moraes)


*Foto tirada na praia de Ponta Negra/RN. A Flor é artesanal - feita de palha de coqueiro. A obra é de um hippie pernambucano que encontrei enquanto caminhava pela praia.


* Nota:  Adoro esse trecho do livro de Vinícius.

terça-feira, 22 de março de 2011

Nota da autora:  Não atribuam tudo o que vocês lêem aqui, ao sentimento de quem escreve. Às vezes, são só palavras.




...
É claro que, na maioria das vezes, não o são.
;)

domingo, 20 de março de 2011

Ah, a Lua...



Ao longe, ao luar,
No rio uma vela,
Serena a passar,
Que é que me revela ?
Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.

Que angústia me enlaça ?
Que amor não se explica ?
É a vela que passa
Na noite que fica.

*

Poema: autoria de Fernando Pessoa (título: Ao longe, ao luar)
Foto: um registro do evento "Supermoon: a maior Lua cheia desde 1992", assistido no dia 19 de Março de 2011, na Praia de Ponta Negra / RN.



sábado, 19 de março de 2011

No Limite da Razão?



"No Limite da razão" é uma frase que, como vocês já perceberam claramente, dá nome ao blog. 
Não sei porque não tratei de escrever isso antes. Provavelmente, porque devido a vida curta dos blogs - que tomam vida a partir do "inesgotar" de ideias - eu estava catando um assunto a tratar nesse pequeno espaço virtual. 
Sim, a razão tem limites. 
A razão é um "setor" recorrido constantemente quando se trata da vida. É prudente você se valer da razão em algum momento; é prudente você racionalizar cada movimento que você dá, cada ação ou palavra dita. Ahhh, sobretudo,  as ações... O único risco que você corre é racionalizar demais e esquecer de "se mover". Mas que bobagem, se é prudente racionalizar. 
Para os que sofrem de impulsos, como quem vos fala, a racionalização de ações, sentimentos e palavras é um exercício um tanto complicado. Não impossível! Complicado. "Apreendido" , na marra, depois dos vários excessos que você consegue cometer ao agir por impulsos. Agir antes. Pensar? Depois. E as consequências quando não são indesejáveis, chega a surpreender.
Mas o prudente é ser cauteloso. É pensar, duas vezes, antes de agir, falar, proferir, sentir...
 Porém, eu digo (e animem-se os impulsivos): chega um tempo que racionalizar já não basta para as ações que devam ser tomadas ou para as palavras que devam ser exprimidas. E, então, temos um limite. Não porque você abandonou todo o seu racionalismo prudente e resolveu viver a vida às cegas; se doando, sem cautela; à pura impulsividade. É pelo simples fato de que você já racionalizou um tanto sobre tudo o que cabia à razão.
E agora?
A quem recorrer?
Racionalizar é prudente, meu bem, mas às vezes esgota, 
enche, 
exaure, 
cansa.

Um apelo: doem-se mais.

(M.J)




quarta-feira, 9 de março de 2011

Sessão poética



Que eu me perca
um pouquinho.
Foi me perdendo, no caminho,
que eu cheguei onde cheguei.
Aos sermões e burburinhos,
me esquivando dos espinhos,
eu fui me reerguendo das quedas que já levei.
De tropeços a solavancos,
aos trancos
e barrancos.
De um jeito, me virei.
Se foi preciso mudar os planos,
reinventar novos cantos,
ou inovar, com espaços que inventei.
Apesar de arrependimentos,
ou pequenos descontentamentos,
fica aqui, a certeza,
de que tentei.


(M.J.)


*


Perdoem-me pelo poema simples e mal elaborado.
Foi escrito às pressas. :)