segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Aprecio - poesia


"Eu sou a que no mundo anda perdida.
Eu sou a que na vida não tem norte.
Sou a irmã do sonho, e desta sorte
sou a crucificada,
a dolorida.
Sombra de névoa tênue e esvaecida.
E, que o destino amargo, triste e forte.
Impele, brutalmente, para a morte.
Alma de Luto, sempre incompreendida.
Sou aquela que passa, e ninguém vê.
Sou a que chamam triste, sem o ser.
Sou a que chora,
sem saber porquê.
Sou talvez a visão que alguém sonhou.
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou."

Poema: Eu 
Autoria: Florbela Espanca
Foto: sombra na praia de Pium-Cotovelo / Rio Grande do Norte

domingo, 26 de dezembro de 2010

Palavras.



No fim das contas digo que é verdade: sim, as palavras ferem. 
Não estou falando de acentos mal colocados ou de erros ortográficos gritantes que chegam a doer na vista. Mas de palavras soletradas, de frases que mesmo curta, quando ditas, acabam assumindo grandes proporções indesejáveis, ou não. O problema não está exatamente nas palavras pois, fora de um contexto, são apenas dotadas de significados vazios, mas no exercício de sentimentos apalavrados.  É.  O grande problema está em “apalavrar” os sentimentos. Estes teriam um gosto melhor se fossem apenas sentidos, e não transformado em frases feitas ou expressões mal-dizidas.  Alguns sentimentos simplesmente não cabem dentro de um universo enorme de palavras...
(Por mim)

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sobre despedidas

"Despedir-se não é entristecer-se pela última estadia com alguém. É guardar esperanças de um reencontro.
Despedir-se não é relembrar, na hora da partida, tudo o que passou. É desejar reviver, em poucos segundos, tudo tão intensamente.
Despedir-se não é apenas deixar saudades. É deixar vazio, deixar rostos tristes, deixar vontades de agarrar aquela pessoa e nunca mais soltar.
Despedir-se não é dar abraços, é marcar a alma. 
Despedir-se não é lembrar que "não vamos perder o contato" ou "eu darei notícias". É jurar que nunca vai esquecer, e não esquecer; é jurar que vai sentir saudades, e sentir.
Despedir-se não é organizar malas, é organizar lembranças de bons e maus momentos vividos.
Despedir-se não é lacrimejar os olhos. É romper em prantos, é desesperar-se, é chorar com o corpo.
Despedir-se não é sibilar "adeus". É desejar sussurrar  um "Até breve, amiga, a gente se reencontra"...


(Por mim)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Um pouco de Fernando Pessoa


"Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida? "


Contemplo o lago mudo - Fernando Pessoa
Foto: Na Ponte dos Ingleses - Praia de Iracema - Fortaleza/CE
*

O poema é belíssimo. A foto, apesar de ser praia, casou perfeitamente. Sou suspeita em falar sobre o poema. Tem um significado importante para mim. :)


Definição



"Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. 

"Sou dramática, intensa, transitória. E tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Eu sei sorri com os olhos, e gargalhas com o corpo toda. Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas, falta de ar... Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com olhos, em abraços que trazem para vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma. No toque mesmo. Na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito abismos... são eles que me dão a dimensão do que eu sou."

(Por Marla de Queiroz)


*
Sempre me identifico com os textos da Marla de Queiroz (escritora contemporânea carioca). 
Blog: http://doidademarluquices.blogspot.com

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Recomendo



O documentário "Os EUA x John Lennon" traz a temática do ativismo político do ex-beatles John Lennon durante fim dos anos 60 e durante toda a década de 70. Achei o documentário inteligente porque apesar de trazer alguns recortes que aludem à história dos Beatles - e pouco da vida particular do cantor - a proposta, na verdade, é enfatizar mais a trajetória de Lennon como um ativista político do que como um artista mundialmente notável dos anos 60. Além de todo o ativismo social que efervescia no Mundo, o documentário traz muito sobre a política dos EUA entre 66 e 76 (sobretudo o Governo Nixon), os movimentos políticos (como os Panteras Negras e o "Flower Power"), a configuração de uma "nova esquerda" na América - o que é atribuído aos pacifistas - e a questão dos direitos civis. É uma ótima pedida. Recomendo!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sobre gestos

O poeta está correto quando ele diz que os maiores valores estão nas pequenas coisas e nos simples gestos. Interessante é como pequenas coisas são capazes de mudar tantas outras coisas maiores. Como curtas palavras podem alongar sentimentos. Ou como poucos gestos podem trazer significados grandiosos. A vida é um pouco de tudo isso. Um pouco de poucas coisas e poucos gestos. 


(Por mim)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Aprecio - música


"Ainda é cedo amor...
Mal começaste a conhecer a vida.
Já anuncias a hora da partida.
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar.
Preste atenção, querida,
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida.
Em pouco tempo não serás mais o que és.
Ouça-me bem, amor,
Preste atenção: o mundo é um moinho.
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos.
Vai reduzir as ilusões à pó.
Preste atenção, querida,
De cada amor, tu herdarás só o cinismo.
Quando notares estás a beira do abismo.
Abismo que cavastes com teus pés."

( O Mundo é um Moinho - Cartola)




domingo, 5 de dezembro de 2010

Primeira Postagem



"- Quem é você?
- A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas mas não posso explicar a mim mesma!"

(Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll)